Grande parte dos aviões comerciais voa a altitudes entre 7.500 m e
12.000 m. A estas altitudes a pressão atmosférica está abaixo de 0,50
atm, muito menos do que a pressão de 1,0 atm à qual nossos corpos estão
acostumados. Se uma pessoa fosse submetida a tal queda de pressão - e à
correspondente queda do nível de oxigênio - os efeitos fisiológicos
incluiriam vertigem, dor de cabeça, dificuldade de respiração e até
mesmo inconsciência. Por essa razão, aviões comerciais pressurizam o ar
no interior de suas cabines para manter uma oxigenação adequada. Se, por
algum motivo, a cabine do avião se despressurizar, os passageiros são
orientados a respirar com o auxílio de máscaras de oxigênio.
A pressurização do ar da cabine é realizada por uma parte do sistema de
circulação global do ar. As turbinas agem empurrando o ar para trás e
com isso impulsionam o avião para frente. O ar injetado na cabine para
pressurizá-la é drenado dos compressores das turbinas para o interior
das cabines de comando e de passageiros através das chamadas “válvulas
de sangramento”. É um ar quente que deve ser resfriado a uma temperatura
em torno de 22 ºC para ser introduzido no interior da cabine.
Quanto
mais ar for injetado no interior da cabine, maior será a pressão
interna. Para que a pressão do ar no interior da cabine fechada não
aumente demais, parte do ar injetado deve ser eliminada, de forma
controlada, para que possa ser mantida, no interior da cabine, a pressão
desejada. Para isso existem válvulas cuja finalidade é regular o fluxo
de saída do ar.
Aeronaves a jato mantêm uma pressurização interna de 0,72 atm, o que
equivale à pressão atmosférica de um local com 2.438 m de altitude.
Nesse ambiente existem apenas 72% do oxigênio disponível em um local no
nível do mar (como a cidade de Recife).
O corpo humano está adaptado para viver sob certas condições de
temperatura, pressão e oxigenação. Em se tratando da natureza humana, é
sabido que o limite fisiológico para uma pessoa que esteja em boas
condições de saúde é a altitude de 3.048 m. De 3.048 m a 3.657 m de
altitude, o organismo tem, ainda, certa capacidade de adaptação. Acima
dessa faixa, o uso de fonte suplementar de oxigênio é necessário para
que mantenham normais as funções fisiológicas.
Fonte: “Química na Abordagem do Cotidiano”, de Francisco Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite do Canto, Vol. 1, Editora Moderna, 2010